Muito nos afastamos, hoje, da dependência quase colonial que
o filme, cujo título tomei emprestado para esta crônica, ironizou.
Mas bem que a população poderia levar a sério as ponderações
de David Epstein em matéria publicada antes de ontem naquele veículo. Epstein, redator da Sports Illustrated e autor de The
Sports Gene: Inside the Science of Extraordinary Athletic Performance (2013),
aborda as implicações da especialização precoce, baseando-se em estudos que,
dentre outras mazelas, apontam um aumento diretamente proporcional dos riscos
de lesão entre os que iniciaram sua vida esportiva ainda na infância.
Se a anatomia e a fisiologia humanas não mudaram muito desde
quando me formei, há duas décadas atrás, não há benefício que justifique as
sequelas da especialização esportiva precoce, creio eu. E isso me leva a pensar
a quem essa prática beneficia, portanto. Aos comerciantes de talentos, é o que
me ocorre de imediato.
Sendo assim, por que a especialização esportiva precoce não
é inserida na pauta dos arautos da luta contra o trabalho infantil?
Porque não fazemos disso nossa pauta, certamente.
E continuará assim, se permitirmos que, tal qual o jornal no filme em
questão, está discussão seja incinerada.
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