Promoção da saúde e hamsters... Como assim?

Ao visitar o blog da prof. Glicéria, recordei-me de um anteprojeto que apresentei no início do ano passado, que tinha como objetivo geral "Estimular a valorização da atividade física como elemento fundamental para a manutenção da saúde", porém se "alinhavava" com todos os demais projetos esboçados para o ano, possibilitando que se trabalhassem, simultaneamente a ele, vários objetivos de competência.

Resumo da ópera: o anteprojeto não foi promovido a projeto e tive de me contentar com um breve "pas de deux" que nem de longe se aproximou das possibilidades vislumbradas.

Acredito que a alfabetização ainda seja a preocupação maior dos últimos períodos da educação infantil. Daí não conseguirmos abrir espaço para outras temáticas. Transcrevo, abaixo, a justificativa do projeto e, se você se interessar em conhecer o restante, manifeste-se através dos comentários e eu farei a postagem.


Anteprojeto Hamster - 2006

Apesar de toda a ênfase dada pelos meios de comunicação de massa à prática de atividades físicas, a incidência de doenças crônico-degenerativas relacionadas ao sedentarismo continua a progredir. Os programas que visam a conscientização acerca da boa alimentação, inclusive mencionando a importância da atividade física, não conseguem se contrapor às sedutoras propagandas de guloseimas.

Sedutoras porque se nutrem da forte ligação entre alimentação e afeto, cristalizada pela cultura e denunciada em praticamente todos os festejos da grande maioria das sociedades.

Ao mesmo tempo, as facilidades trazidas pela tecnologia continuam a expulsar de nosso dia-a-dia as atividades físicas, transformando-as em um compromisso à parte, objeto de dedicação exclusiva e mais um elemento da cadeia de consumo, abastecendo a máquina capitalista.

Trata-se de um problema também globalizado, como a economia e tudo o mais que ela determina. E que merecia maior atenção por parte dos estados do que a que tem recebido, muito embora não seja o único tratado com descaso.

A Educação Física, recentemente incluída na grade da Educação Infantil em nosso município, é ofertada numa freqüência que não parece suficiente para aquisição do hábito de exercitar-se.

Conscientes disso, nosso propósito é, então, a partir de um personagem de desenho infantil bastante apreciado pelas crianças, estabelecer analogias de modo a cultivar uma associação positiva, desde a Educação Infantil, entre a prática de atividade física e a vida saudável.

Na TV brasileira, o desenho animado Hamtaro vem fazendo muito sucesso entre as crianças e, pelo que pudemos constatar, seus episódios abordam temas que podem alimentar uma reflexão enriquecedora junto a elas: solidariedade, companheirismo, amizade, respeito ao próximo etc. Trata-se de um hamster, animal de estimação muito difundido por ser pequeno e requerer cuidados simples.

Hamster é uma “designação comum a diversos roedores, pequenos e atarracados, da família dos murídeos, encontrados na África e Ásia, dotados de grande bolsa facial e de cauda muito curta” (HOUAISS, 2001). A palavra tem origem eslava.

O hamster possui um hábito particularmente interessante a este projeto, o de exercitar-se: por ser um andarilho na natureza, para sobreviver em cativeiro necessita de uma roda de exercícios senão engordará até morrer por insuficiência cardíaca ou hepática. É onívoro, como o ser humano, banha-se com a língua, como os gatos, possui um olfato extremamente desenvolvido, como os cães, e estoca alimentos para tempos de escassez, como vários outros o fazem. Estas e outras características podem ser comparadas às dos animais escolhidos pelas turmas.

No caso específico da Educação Física, várias alusões podem ocorrer em meio às brincadeiras, como forma de motivação das crianças: desde um “hamster sai da toca”, em que se muda apenas o animal tema da conhecida brincadeira infantil, até a coreografia de Hamtaro na abertura do programa, que empolga bastante as crianças.

Se você não faz idéia do que seja um hamster, assista a esse vídeo experimental com um anão russo.

4 comentários:

Glicéria Gil disse...

Olá,
Interessante!!!Preocupo-me com os estilos de vida saudáveis das crianças pequenas e, por isso o seu projecto interessou-me.Em que faixa etária é que foi aplicado? Que resultados obteve? Conseguiu modificar alguns "maus" hábitos? Quais as razões porque o projecto não pode ser aplicado na sua totalidade? Qual a adesão dos professores das outras disciplinas?
Agradeço a referência ao meu blog.
Tudo de bom!

Cláudia disse...

oi Glicéria

O anteprojeto foi desenvolvido para a faixa etária de 4 a 5 anos. Ocorreu que, logo que ele foi apresentado, houve uma mudança na equipe diretiva, com a aposentadoria de várias profissionais e conseqüente ingresso de substitutas estreantes até na educação infantil. E a escola ainda não se refez das perdas. É um processo demorado, mesmo.
Quanto a resultados, não creio que conseguisse mensurá-los em tão curto prazo (um ano letivo ou dois, no máximo). Penso que isso demandaria um estudo longitudinal, um pouco complicado posto que nesta escola só mantemos turmas de 4 e 5 anos. Completando seis eles mudam para outra, ingressando na 1a. série do ensino fundamental.
Caso queira outros detalhes, posso providenciar outro post.
Que seu fim-de-semana seja produtivo. Vi em seu blog o quanto está atarefada. Um abraço.

daisy aguinaga d'eibar disse...

com certeza, um blog inteligente, gostoso de se ler, informativo, prático, enfim, Tudo de Bom nesta rede que abriga tantas inutilidades!
Espero que Webpais e Webmães tenham acesso ao seu trabalho, além claro dos professores.
Sucesso com o Blog!

Glicéria Gil disse...

Olá Claúdia,
Quer dizer que você trabalha a "educação física" com classes de crianças pequenas (em Portugal Jardim de Infância/Educação Pré-Escolar).Já agora quais as maiores dificuldades que encontra (se as tem!!!) ao trabalhar com estas idades? Faço referência ao seu blog em http://gliceriagil.angelfire.com/blog/ por o considerar uma óptima ferramenta de "reflexão". Concordo com a Daisy!É um prazer visitá-lo! Valeu!