Respondendo ao Luiz Carlos I

Tal qual nosso conhecido Jack, vamos por partes, ok?

O professor Luiz me perguntou como consigo “operar” a “parafernália” tecnológica e dar aulas ao mesmo tempo.
É uma pergunta que eu mesma me fiz no início. Precisei criar condições para fazer isso.

Em primeiro lugar, condições para o PDA estar à mão. No parágrafo final do post um pda na escola, explico como me ajeitei para tal. Há uma foto lá, que mostra o PDA em meio aos materiais, na sala. Para minha sorte, a bolsa tiracolo que uso tem várias repartições e uma delas foi a conta exata da câmera digital, que possui também a função de filmadora.

Em segundo, desenvolvi uma estrutura de aula, segmentando-a em “módulos” de trabalho, ajustados às condições de tempo e espaço da escola, às rotinas e cuidados próprios desta faixa etária e às metodologias que julguei pertinentes às intenções educativas específicas da EF. Por exemplo, quando a aula está programada para se realizar antes do recreio e na área do parquinho, os módulos são: I - Entrada/cantoria (rotina da escola); II – Organização (que engloba rotinas da classe, esclarecimento do plano diário, agrupamento e fila para deslocamento); III – Circuito Lúdico-Motor (tal qual uma rua de recreio, são quatro setores, sendo um ou dois deles, apenas, ocupados com o circuito e os demais com os brinquedos do parquinho que as crianças já saibam usar com segurança); IV – Atividade Coletiva (um jogo de baixa organização que envolva as habilidades e percepções em pauta);V – Relaxamento (uma música, um jogo calmo em sala) e VI – Higiene e alimentação (rotinas da sala e da escola). Esta conjunção de tempo e espaço ocorre a cada quatro semanas. Assim, nesta mesma estrutura eu “encaixo” as atividades apropriadas aos objetivos daquele período nos módulos III, IV e V. Os demais se mantêm da mesma forma, variando apenas quando é possível e/ou oportuno incluir uma música ou brincadeira durante os deslocamentos.

Por fim, o fato de ter turmas com até 25 alunos, tornando difícil um trabalho mais individualizado, me levou a optar pela divisão da turma em pequenos grupos, inspirada no trabalho de Jack Capon (ver referência no final).

Mas a divisão pura e simples não resolvia a questão, as crianças demandavam muita mediação. Para tentar superar isso, desenvolvi o projeto Monitores. No início do ano letivo, começamos a trabalhar em grupos na sala de aula, envolvendo mais habilidades manipulativas, coordenação olho-mão usando alinhavos, montanhas pedagógicas, quebra-cabeças etc. A formação dos grupos não se altera e, a cada aula, um de seus membros é escolhido por mim para ser o monitor, auxiliando a cuidar dos seus colegas e dos materiais. Eu não tinha idéia da origem da inspiração para o elemento monitor. Um dia, relendo Listello, vi ali um conceito semelhante que deve ter ficado no meu inconsciente até se mostrar oportuno.

Assim, o primeiro bimestre é dedicado a este trabalho de desenvolvimento da autonomia das crianças, assimilação das rotinas da aula e familiarização com os recursos de TI usados. Acostumaram-se com a câmera e o PDA. Em pequenos grupos há uma foto de um monitor distribuindo as “presilhas” que identificam os demais membros de seu grupo. As presilhas, os crachás usados pelos monitores, bem como as pirâmides (que aparecem na foto do post um pda na Escola) e as placas indicativas do local de funcionamento dos setores de trabalho para os Circuitos são indispensáveis para que as crianças assimilem estas rotinas. Estas indicações concretas vão sendo abandonadas aos poucos.

Desse modo, há sempre um “tempinho” de “tranqüilidade” que me permite registrar o que as crianças estão fazendo nos setores em que trabalho os objetivos principais da aula. Seja no PDA, seja na câmera fotográfica.

Ao fim da semana, tudo é transposto para o notebook, fornecendo um bom feedback para o planejamento seguinte, que é efetuado para uma quinzena.

Bom, espero ter espantado a primeira das “pulgas” do professor. Mas vou torcer para surgirem outras, sejam dele ou de outros leitores. Assim mantemos a interatividade do blog, que é um atributo fenomenal.

CAPON, Jack J. Planos de Aula para Atividades Perceptivo-Motoras Nível 1 . 7 ed. São Paulo: Manole, 1989. 82 p.
LISTELLO, Auguste. Educação pelas Atividades Físicas, Esportivas e de Lazer. São Paulo: EPU/EDUSP, 1979.

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