Um desabafo coletivo...

Em muitas escolas, os demais professores possuem uma visão utilitarista do professor de Educação Física: aquele que utiliza o seu tempo de trabalho e o tempo pedagógico com as demandas dos demais – sejam danças, eventos, apresentações, competições etc – pelo simples fato de que tais tarefas não são muito apreciadas pelos que as solicitam e não porque estejam inseridas num projeto interdisciplinar.

Na medida em que o lado perverso do fazer político adentrou a vida escolar, na triste acepção do “pão e circo” sustentada por um “pseudo marketing”, as atividades voltadas aos pais e a comunidade – nestas escolas – se tornaram superproduções para impressionar a estes e ainda as autoridades do sistema educacional. Nessa ótica, o professor de Educação Física cooperativo é aquele que realiza as exibições glamorosas que lhe são encomendadas, para tal escolhendo alunos a dedo e ensaiando-os durante as aulas enquanto os demais alunos – a maioria – se ocupam em uma “aula livre”. Aquele que discorda de exibições que comprometem o seu projeto pedagógico é discriminado, tachado de intolerante e outros adjetivos mais.

Creio que a falta de encontros pedagógicos entre os professores de Educação Física e os das demais áreas prejudica a apropriação destes dos objetivos de nossa área e das estratégias a serem adotadas para atingi-los. Sem conhecer nossas intenções, é possível que aquilo que o professor vê sendo executado com os alunos no pátio lhe pareça sem sentido e descartável. Daí não compreender nossa relutância em abdicar de nosso projeto de trabalho.

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