TANGA (ou Deu no New York Times)




Muito nos afastamos, hoje, da dependência quase colonial que o filme, cujo título tomei emprestado para esta crônica, ironizou. 

Mas bem que a população poderia levar a sério as ponderações de David Epstein em matéria publicada antes de ontem naquele veículo. Epstein, redator da Sports Illustrated e autor de The Sports Gene: Inside the Science of Extraordinary Athletic Performance (2013), aborda as implicações da especialização precoce, baseando-se em estudos que, dentre outras mazelas, apontam um aumento diretamente proporcional dos riscos de lesão entre os que iniciaram sua vida esportiva ainda na infância.

Se a anatomia e a fisiologia humanas não mudaram muito desde quando me formei, há duas décadas atrás, não há benefício que justifique as sequelas da especialização esportiva precoce, creio eu. E isso me leva a pensar a quem essa prática beneficia, portanto. Aos comerciantes de talentos, é o que me ocorre de imediato.

Sendo assim, por que a especialização esportiva precoce não é inserida na pauta dos arautos da luta contra o trabalho infantil?

Porque não fazemos disso nossa pauta, certamente. 

E continuará assim, se permitirmos que, tal qual o jornal no filme em questão, está discussão seja incinerada.

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